sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Esposende Rádio

Afinal o que se passa com a Esposende Rádio? Será esta a pergunta que muita gente fará por estes dias. Para tentar alguma resposta ou esclarecimento, colocamos algumas questões a Joana Gramoso, marinhense (outeiro), que trabalhou nos últimos dois anos na Esposende Rádio como locutora e jornalista.





1)- Olá Joana. Há uns tempos atrás fez saber nas redes sociais que "abandonava o barco" (entenda-se Esposende Rádio) porque essa era uma decisão "obrigatória e irreversível", como tinham feito outros colegas. O que se passou?

Efectivamente abandonar a Esposende Rádio foi praticamente uma obrigação, no sentido de ir contra a minha /nossa própria vontade mas, partindo de mim/nós. Penso que posso falar também pelos meus colegas, quando refiro que deixar a rádio foi custoso sim, mas não era possível compactuar com as práticas exercidas pela Direcção. Como costumo dizer, "antes de ser um bom profissional, temos de ser um excelente ser humano"; como tal e por muito que quiséssemos, não podíamos passar por cima de valores como a honestidade, transparência e rectidão. Desta equipa que foi "sobrevivendo", tinha eu menos tempo de casa efectivamente, no entanto, senti-me envolvida nesta luta, por se tratar da rádio do meu concelho, da minha cidade, do nosso recanto. Algo que, mais que um negócio, se tornou um bem de todos nós.  Basicamente as dívidas contraídas tornaram-se uma bola de neve, do saber público, e não podia compactuar com uma Direcção que "alimentava" ainda mais a gravidade da situação sem qualquer capacidade de resolução.

2)- A população em geral, do concelho (e não só), percebeu também há uns tempos que a Esposende Rádio tinha "fechado". Porquê? Parece-nos (e à grande maioria do publico/ouvintes) que não houve nenhuma explicação para o sucedido.

Depois de nos termos insurgido contra a Direcção, percebemos que a situação se arrastava porque nós colaboradores e/ou funcionários íamos levando avante a Rádio, no verdadeiro sentido da palavra. A Direcção era, na minha opinião, e ironicamente, a parte menos interveniente nesta luta. Vi-me a trabalhar meses a fio sozinha, quando uma rádio é feita de várias vozes, várias rubricas e programas. Fi-lo, por saber que, se não o fizesse, estaria como está agora, a "piloto automático". No entanto o dever moral fez com que déssemos o melhor de nós, na esperança de que algo melhorasse; Tal não aconteceu, e percebemos que se abandonássemos esta causa, talvez a Direcção reconhecesse que deveria abandonar o "barco" e, quiçá, passar a pasta a alguém que efectivamente solucionasse os graves problemas financeiros da Rádio, investisse, e soubesse geri-la de forma organizada e transparente.  Mais uma vez tal não aconteceu e a Rádio é hoje uma Rádio fantasma, como podemos ouvir, a piloto automático, sem informação, uma voz, nada...

3)-   E em que ponto está agora a situação da Esposende Rádio? Em que consiste ou qual a intenção deste abaixo-assinado que está em marcha?  

Sobre a situação actual da Rádio, infelizmente, não me compete a mim falar. No entanto e segundo a entrevista da Directora a uma página noticiosa nas redes sociais, é-me legítimo transcrever e confirmo o conhecimento de um processo de insolvência apresentado por um dos colaboradores lesados pela Esposende Rádio. De momento sabemos aquilo que ouvimos...(ou que não ouvimos!) O abaixo-assinado e pelo que sei, é só mais uma forma de mostrar a revolta do concelho em não ter a sua Rádio. O feedback dos ouvintes é de revolta, estão inteirados sobre alguns dos problemas da Rádio (até porque as dívidas, como diz na petição, estão publicadas nas finanças - de consulta pública), e não entendem como esta Direcção não vende a Rádio a quem tem capacidade financeira e aptidão para a dirigir. A revolta acalentou-se quando algumas propostas de compra foram apresentadas a esta Direcção, nomeadamente (e também é do conhecimento público), a de Eduardo Viana, colaborador da Rádio por 25 anos, e acarinhado pelos Esposendenses, e que encabeçou uma das várias propostas, sendo que, supostamente, seria um negócio altamente benéfico, tendo em conta a situação caótica da Empresa. Mesmo assim, sobrevalorizando a Esposende Rádio apenas pelo seu valor sentimental, e acarretando com inúmeras dívidas, a Direcção não só não aceitou as propostas, como até hoje, nada fez em prol da empresa. Obviamente não nos podemos expressar abertamente, mas a revolta das pessoas chega-nos constantemente, argumentando que se sentem enganadas, que a Direcção vai prometendo coisas na página de facebook da Rádio que nunca acontecem, abordando também as situações pouco bonitas, de picardias, "lavagem de roupa suja" na Internet, abordagens de processos judiciais, queixas, etc, e demais situações protagonizadas por uma Direcção que, supostamente, devia ser isenta, coerente, credível, e evitar esta exposição toda, pois, e também na minha opinião, não é nada bonito e mexe com o factor base: a confiança! As pessoas apelam a uma equipa directiva que viva o concelho, que se preocupe com os seus habitantes e ouvintes, e que não deixe cair um órgão de comunicação que, ao fim ao cabo, é património de todos nós. Para que conste, partilho da mesma opinião. A petição nada mais é que um expressar dessa revolta. Há meses que em 93.2 nada se ouve, e as pessoas pedem para que esta Direção saia. Se em equipa que ganha não se mexe, o contrário também é viável. Foram anos vertiginosos, negativos, problemáticos e a situação atingiu limites extremos; a Rádio precisava de alguém fresco, que crie de raiz uma boa imagem perante os tecidos comercias do concelho, já que é de publicidade que a mesma subsiste. A imagem actual da Rádio, fruto daquilo que com ela fizeram, está em descrédito e completamente desgastada.

4)- Pessoalmente,  que espera do futuro da Esposende Rádio?

Neste momento e enquanto ouvinte (mesmo não tendo nada para ouvir), receio que a Rádio feche de vez. Infelizmente se isso acontecer, Esposende não poderá usufruir de mais nenhuma Rádio. Como já está na pagina do Facebook da Rádio, subentende-se que a Direcção antiga vá continuar...e como tal, não acredito no seu desempenho, na sua capacidade de gestão, e na sua imagem no Concelho. Persiste uma teima em não venderem a Rádio e ir contra a vontade de milhares de ouvintes. Acredito que possa haver vozes, programas e novas emissões, mas acredito ainda mais que não começando do zero, não vendendo a Rádio, os mesmos problemas virão ao de cima e o efeito "bola de neve" continuará. Enquanto esposendense, espero contudo que a Rádio volte aos primórdios, e que seja valorizada, sem interesses de terceiros. Porque faz falta a Esposende!

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